Não é um tema novo. Já muito se disse e escreveu sobre isto, mas permitam-me a divagação!
Até há bem pouco tempo lançou-se sobre nós, qual furacão insolente, uma campanha intensiva acerca da (i)legalidade do que em audiovisual se consome em Portugal. Anunciou-se o fim dos tempos, o apocalipse, caos! Mas no fundo o que aconteceu foi simplesmente confiscar o conteúdo de algumas discotecas e etc.
Ponto assente e primeiro: Portugal falhou, falha e continuará a falhar. Somos um país pequeno com manias de grandeza, impávidos e serenos enquanto outras nações nos violam por trás (ainda que alguns sejam subtis e discretos) e governados pelos mais ineficazes líderes. Mas isto dava pano para mangas…
Ponto segundo e consequência do anterior: A nossa qualidade de vida não é boa, não é razoável, é má. No entanto, muito gostam os nossos governantes de nos aplicar isto e aquilo de acordo com o que fazem outras grandes nações europeias (os acima referidos perpetradores de violação anal, por ex.), indiferentes a várias considerações.
No nosso humilde país ganha-se mal, vive-se mal. O povo conta os cêntimos do primeiro ao último dia do mês. Escapam os senhores empresários e os maestros do fisco… Estou certo que isto causa indiferença e é perfeitamente irrelevante para os senhores que depois se lançam nestas campanhas defendendo o pobrezinho do artista cujos direitos são corrompidos. No fim de contas, estamos a causar-lhes sérias complicações… aquele novo iate ou o novo desportivo descapotável ficam assim em risco! Que nos custa abdicar dumas refeições e pagar os justamente exigidos dezoito ou dezanove euros por um CD.
Mas é tudo uma questão de perspectiva. Para estes senhores a solução passa por multas maiores e medidas cada vez mais opressivas na caça ao ilegal e ao download! Está fora de questão considerar baixar os preços para valores verdadeiramente justos e adequados à nossa realidade ao mesmo tempo que se melhora a qualidade do produto como estímulo à compra do dito original. Sejamos realistas… os custos de fabrico em série de um CD são patéticos. Adicionem impressão e respectivas mariquices e mesmo assim ficam longe dos quase vinte euritos. Os CD a preços realmente justos encontramo-los nos saldos ou promoções quando estão a 5€.
E que dizer da indústria do cinema! Filmes orçados em milhões de dólares e que rendem dez vezes mais esse valor. Mas não… Quando são lançados em DVD ainda se justifica que nos custem trinta euros. Sobretudo quando, por exemplo, no nosso país as edições são sempre tão boas e ricas de conteúdo, trazendo por norma o habitual trailer (que encontramos no site oficial e vemos no cinema) e legendas em português. Ah! Espera! Selecção por capítulos! …
Mais uma vez temos de esperar pelas promoções e feiras do DVD (como a do El Corte Inglés…. Hmmm… espera… têm de ser os espanhóis…) e comprá-los a 5€ ou 7,5€. Também nos podemos aventurar pela Internet e encontrar dezenas de sites com os produtos desejados a preço amigo e em edições verdadeiramente interessantes com extras completos.
Mas não… os maus da fita somos nós! O problema está na nossa falta de consciência! Como podemos não pensar na pobrezinha da Madonna e no dinheiro que perde quando sacamos o seu último CD e DVD da net!!?? (aqui entre nós… Madonna não é um bom exemplo de algo digno de sacar… mas tem mais impacto!) E como podemos ignorar o prejuízo para o último filme Oscarizado de Hollywood, que facturou em bilheteiras pelo mundo cem vezes mais do que custou!!??
Somos uns insensíveis…
E o pior de tudo, é que quando realmente nos damos a uma extravagância porque gostamos mesmo daquele filme ou daquela banda e compramos o original, ainda temos de apanhar com protecções anti-cópia palermas que nos atrofiam os leitores e com o profundamente irritante aviso de legalidade dos DVD, imperioso e resistente ao fast forward do leitor…. Sim, porque, hey! Eu comprei o original, tenho claramente de apanhar com toda esta treta!!!
Feitas as contas… aquela cantora compra na mesma a sua mansão. Aquele realizador compra na mesma a sua pequena ilha privada. E eu gasto dez euros num pack de 50 DVD virgens que me rende umas valentes semanas de cópias de segurança. Final feliz para todos! Por isso, por favor… parem de chorar lágrimas de crocodilo sobre os direitos disto e daquilo, parem de ser hipócritas com a pouquíssima margem de lucro e restantes blá blá blás em que já ninguém cai e concentrem-se na verdadeira importância da questão.
Mas também não admira… num país onde cada vez mais nos afastamos do modelo ideal do que seria correcto, como proporcionar educação em vez de a chular aos que a merecem, até para benefício da nação (sim estou a falar das propinas cada vez mais altas do ensino superior), e em que a cultura é menosprezada e colocada apenas ao alcance dos ricos ou endinheirados, a ideia de alguma justiça ou coerência tende a desvanecer com facilidade. O problema não são partido(s) e governante(s) que estejam no poder. Esses vão-se revezando mas caem todos no mesmo. São as mentalidades, as ideias, a eterna crença que nem tudo vai mal, a passividade, a impotência, o desinteresse.
Fumo nos olhos.
Tenho dito.
Até há bem pouco tempo lançou-se sobre nós, qual furacão insolente, uma campanha intensiva acerca da (i)legalidade do que em audiovisual se consome em Portugal. Anunciou-se o fim dos tempos, o apocalipse, caos! Mas no fundo o que aconteceu foi simplesmente confiscar o conteúdo de algumas discotecas e etc.
Ponto assente e primeiro: Portugal falhou, falha e continuará a falhar. Somos um país pequeno com manias de grandeza, impávidos e serenos enquanto outras nações nos violam por trás (ainda que alguns sejam subtis e discretos) e governados pelos mais ineficazes líderes. Mas isto dava pano para mangas…
Ponto segundo e consequência do anterior: A nossa qualidade de vida não é boa, não é razoável, é má. No entanto, muito gostam os nossos governantes de nos aplicar isto e aquilo de acordo com o que fazem outras grandes nações europeias (os acima referidos perpetradores de violação anal, por ex.), indiferentes a várias considerações.
No nosso humilde país ganha-se mal, vive-se mal. O povo conta os cêntimos do primeiro ao último dia do mês. Escapam os senhores empresários e os maestros do fisco… Estou certo que isto causa indiferença e é perfeitamente irrelevante para os senhores que depois se lançam nestas campanhas defendendo o pobrezinho do artista cujos direitos são corrompidos. No fim de contas, estamos a causar-lhes sérias complicações… aquele novo iate ou o novo desportivo descapotável ficam assim em risco! Que nos custa abdicar dumas refeições e pagar os justamente exigidos dezoito ou dezanove euros por um CD.
Mas é tudo uma questão de perspectiva. Para estes senhores a solução passa por multas maiores e medidas cada vez mais opressivas na caça ao ilegal e ao download! Está fora de questão considerar baixar os preços para valores verdadeiramente justos e adequados à nossa realidade ao mesmo tempo que se melhora a qualidade do produto como estímulo à compra do dito original. Sejamos realistas… os custos de fabrico em série de um CD são patéticos. Adicionem impressão e respectivas mariquices e mesmo assim ficam longe dos quase vinte euritos. Os CD a preços realmente justos encontramo-los nos saldos ou promoções quando estão a 5€.
E que dizer da indústria do cinema! Filmes orçados em milhões de dólares e que rendem dez vezes mais esse valor. Mas não… Quando são lançados em DVD ainda se justifica que nos custem trinta euros. Sobretudo quando, por exemplo, no nosso país as edições são sempre tão boas e ricas de conteúdo, trazendo por norma o habitual trailer (que encontramos no site oficial e vemos no cinema) e legendas em português. Ah! Espera! Selecção por capítulos! …
Mais uma vez temos de esperar pelas promoções e feiras do DVD (como a do El Corte Inglés…. Hmmm… espera… têm de ser os espanhóis…) e comprá-los a 5€ ou 7,5€. Também nos podemos aventurar pela Internet e encontrar dezenas de sites com os produtos desejados a preço amigo e em edições verdadeiramente interessantes com extras completos.
Mas não… os maus da fita somos nós! O problema está na nossa falta de consciência! Como podemos não pensar na pobrezinha da Madonna e no dinheiro que perde quando sacamos o seu último CD e DVD da net!!?? (aqui entre nós… Madonna não é um bom exemplo de algo digno de sacar… mas tem mais impacto!) E como podemos ignorar o prejuízo para o último filme Oscarizado de Hollywood, que facturou em bilheteiras pelo mundo cem vezes mais do que custou!!??
Somos uns insensíveis…
E o pior de tudo, é que quando realmente nos damos a uma extravagância porque gostamos mesmo daquele filme ou daquela banda e compramos o original, ainda temos de apanhar com protecções anti-cópia palermas que nos atrofiam os leitores e com o profundamente irritante aviso de legalidade dos DVD, imperioso e resistente ao fast forward do leitor…. Sim, porque, hey! Eu comprei o original, tenho claramente de apanhar com toda esta treta!!!
Feitas as contas… aquela cantora compra na mesma a sua mansão. Aquele realizador compra na mesma a sua pequena ilha privada. E eu gasto dez euros num pack de 50 DVD virgens que me rende umas valentes semanas de cópias de segurança. Final feliz para todos! Por isso, por favor… parem de chorar lágrimas de crocodilo sobre os direitos disto e daquilo, parem de ser hipócritas com a pouquíssima margem de lucro e restantes blá blá blás em que já ninguém cai e concentrem-se na verdadeira importância da questão.
Mas também não admira… num país onde cada vez mais nos afastamos do modelo ideal do que seria correcto, como proporcionar educação em vez de a chular aos que a merecem, até para benefício da nação (sim estou a falar das propinas cada vez mais altas do ensino superior), e em que a cultura é menosprezada e colocada apenas ao alcance dos ricos ou endinheirados, a ideia de alguma justiça ou coerência tende a desvanecer com facilidade. O problema não são partido(s) e governante(s) que estejam no poder. Esses vão-se revezando mas caem todos no mesmo. São as mentalidades, as ideias, a eterna crença que nem tudo vai mal, a passividade, a impotência, o desinteresse.
Fumo nos olhos.
Tenho dito.
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